RESUMO
A População em Situação de Rua (PSR) é uma população heterogênea e crescente no Brasil, excluída de direitos sociais, tais como saúde, educação, trabalho, moradia, lazer e segurança. Diversos estudos revelam a alta prevalência de sofrimento mental entre a PSR e a relevância de políticas e ações integradas para o cuidado. A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) e o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) são sistemas essenciais na atenção integral à saúde mental dessa população. Objetivo: identificar as estratégias de articulação intersetorial entre RAPS e SUAS utilizadas em Franco da Rocha para o cuidado psicossocial da PSR nos anos de 2020 e 2021. Metodologia: estudo de caso, com entrevistas semiestruturadas com gestores e profissionais das duas redes, tanto da atenção básica como da atenção especializada. Conclusão: Percebeu-se que a atenção básica desempenha papel secundário na atenção à saúde desta população e o único equipamento da RAPS envolvido em cuidado em saúde mental é o CAPS ad; não há planejamento intersetorial de linhas de cuidado; não existe rastreamento de problemas psicossociais e de sofrimento mental junto à PSR nas duas redes; não há busca ativa deste grupo por outros serviços além do Centro Pop; as relações entre os profissionais das duas redes acontecem em nível pessoal, não institucional.
Assuntos
Pessoas Mal Alojadas , Saúde Mental , Colaboração IntersetorialRESUMO
Introdução: a População em Situação de Rua (PSR) é um grupo populacional heterogêneo e crescente no Brasil, excluído de direitos sociais básicos, tais como saúde, educação, trabalho, moradia, lazer e segurança, e frequentemente relegada a invisibilidade. A Política Nacional para a População em Situação de Rua representou uma importante iniciativa nacional de abordagem a este grupo. No contexto atual de pandemia de Covid-19, é de grande relevância a discussão acerca das ações de cuidado ofertadas a este grupo social, historicamente negligenciado e marginalizado, e que teve um aumento exponencial neste período. A RAPS e o SUAS abrangem equipamentos essenciais na atenção dessa população, como o Centro POP e o CAPSad, caracterizando a porta de entrada da PSR para as demais políticas públicas. Objetivo: identificar as estratégias de rede e de articulação intersetorial entre os serviços da RAPS e do SUAS utilizadas pelo município de Franco da Rocha, para o cuidado psicossocial de pessoas em situação de rua durante a pandemia de Covid19. Metodologia: estudo de caso, no qual foram realizadas catorze (14) entrevistas semiestruturadas de maneira remota, com gestores e profissionais de serviços da RAPS e do SUAS, tanto da atenção básica e proteção social básica, como da atenção especializada e proteção social de média complexidade e responsáveis pela gestão de cada sistema de atenção. Os dados coletados foram transcritos, ordenados e analisados segundo três categorias: funcionamento e organização dos serviços, trabalho em rede e articulação intersetorial, e cuidado ofertado para PSR no contexto de pandemia de Covid-19 Conclusão: foi possível concluir que a atenção básica e a proteção social básica desempenham papel secundário na atenção à esta população; há falta de planejamento intersetorial de linhas de cuidado; não existem trabalhos de rastreamento de problemas de natureza psicossocial e de sofrimento mental junto a PSR; não há busca ativa deste grupo social por outros serviços além do Centro Pop; as relações entre os profissionais acontecem à nível pessoal, não institucional.